Empresas do setor de segurança eletrônica registram aumento de até 22% nas vendas durante a quarentena; câmeras de segurança e cerca elétrica estão entre os produtos mais procurados (Guilherme Baffi 16/3/2021)
Durante um ano difícil economicamente, o setor de segurança eletrônica foi um dos poucos que apresentou bom resultado em 2020. Em Rio Preto, enquanto algumas empresas tiveram alta nas vendas, outras conseguiram manter o faturamento do período pré-pandemia — feito considerado positivo. É que, além dos tradicionais equipamentos para segurança residencial e empresarial, a procura por serviços inteligentes que atendem às regras sanitárias ajudaram a aquecer o setor.
Dados da Associação Brasileira das Empresas de Sistemas Eletrônicos de Segurança (Abese) mostram que, de modo geral, a área de segurança eletrônica no Brasil registrou um crescimento de 13% nas vendas em 2020, em relação a 2019.
O número reflete também uma maior preocupação em evitar o contágio. Para minimizar as chances de transmissão do coronavírus, empresas e condomínios passaram a trocar a chave biométrica por fechaduras que não exigem contato, afirma o empresário Felipe Augusto da Silva, proprietário da FAS Segurança Eletrônica. “Muitos condomínios verticais, por exemplo, substituíram esses leitores por cartões ou equipamentos de leitura facial”, diz.
Mas isso não foi algo imediato. Nos primeiros meses após o início da pandemia a empresa chegou a registrar uma queda de 18% nas vendas. No mês de julho, o setor esboçou uma reação, influenciado pela reabertura do comércio e pela normalização do home office. Com isso, a empresa conseguiu equalizar os números. Já no fim do ano, com a liberação do 13º salário, o empreendimento registrou um aumento de 22% nas vendas. “Nos locais de uso coletivo, tinha a preocupação de não tocar nas coisas. Mas também houve procura por pessoas que montaram escritórios em casa e notaram que faltava segurança”.
A migração de pessoas de apartamentos para casas também influenciou o setor. Esse foi um movimento registrado após o início da pandemia, já que algumas famílias passaram a optar por ambientes mais espaçosos. Foi o caso do veterinário Breno Henrique Puerta, 28 anos, morador do bairro Boa Vista. Em busca de mais espaço, no final do ano passado, ele saiu de um apê para morar em uma casa. Foi quando veio a preocupação com a segurança. “Moro no bairro há dez anos e percebi um aumento na criminalidade”.
Para garantir mais tranquilidade, ele investiu em câmeras de segurança, cerca elétrica, alarme e vídeo porteiro (interfone com câmera). Além da segurança, o sistema integrado garante também maior praticidade, já que consegue acessar os dispositivos pelo celular. “Sem dúvida, dá mais tranquilidade. Se alguém toca o interfone, já vejo as câmeras”.
Variedade
O mercado de segurança possui diversas opções disponíveis para atender desde imóveis residenciais a estabelecimentos comerciais. Os preços podem ser variados, mas existem orçamentos que servem como base. Na empresa FAS, um kit de câmera de monitoramento é vendido em média por R$ 2,5 mil; a automatização do portão custa R$ 1,2 mil; a cerca elétrica fica em torno de R$ 2,4 mil. A concertina, uma cerca em formato espiral, mais reforçada, é vendida por R$ 2,9 mil. O orçamento leva em consideração uma casa em um terreno com medidas de 10 metros por 20 metros.
Com foco em monitoramento, a empresa Só Alarme registrou uma alta de 10% no faturamento em 2020, diz Marcelo Henrique Borges, diretor de operações. O recorde foi resultado de uma maior procura de clientes corporativos. “Foram esses clientes que continuaram consumindo. Aquele cara que tem mais de um local”.
Automação em alta
Para a Associação Brasileira das Empresas de Sistemas Eletrônicos de Segurança (Abese), a alta das vendas em 2020 é reflexo de um aumento da adesão de equipamentos como câmeras termográficas, videomonitoramento e portarias remotas. Tecnologias que auxiliam no cumprimento das regras sanitárias para diminuir a disseminação da Covid-19. “Ou seja, soluções que substituem o contato físico, uma demanda necessária durante o período pandêmico”, afirma Selma Migliori, presidente da associação.
Em 2020, a alta de 13% nas vendas superou as expectativas para o período, de 12%.
Ela explica que perfil dos clientes expandiu e os dispositivos inteligentes ganharam mais importância em diferentes setores. Selma cita como exemplos a telemedicina, a segurança no varejo, agronegócio e para serviços logísticos. “Todos esses eram clientes da segurança eletrônica em alguma medida, mas durante a pandemia consolidamos uma parceria vital para diferentes processos que, daqui para frente, vão se apoiar cada vez mais na tecnologia devido a rapidez, efetividade e custo-benefício”.
Expectativas 2021
Com o objetivo de sentir o nível de otimismo das empresas do setor, a Abese ouviu 385 profissionais de diversos segmentos da segurança eletrônica (indústria, distribuidores, desenvolvedores de software e prestadores de serviços). O estudo, realizado entre novembro de 2020 e janeiro de 2021, indica que o setor continua otimista: mais de 60% das empresas estimam um crescimento de até 15% em 2021. “Dentre os motores desse avanço, identificamos a manutenção dos mercados conquistados e a retomada das negociações interrompidas no último ano”.
O crescente interesse nas tecnologias, produtos e serviços de segurança eletrônica também acarretam na responsabilidade do uso dos dados e informações coletadas pelos dispositivos como imagens, impressões digitais. “A pandemia atrasou a entrada da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) no Brasil. Contudo, estamos certos que veremos crescer as contratações de dispositivos e profissionais especializados em segurança de dados nos próximos dois anos”. (FN)
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